quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mídia na Constituinte

Ontem postamos aqui sobre a Constituinte na mídia, a cobertura que a imprensa mineira fez daquele importante período histórico. Hoje vamos falar da mídia na Constituinte.

Como os jornais se comportaram, como os jornalistas trabalhavam, o que pensam ainda hoje daquele período?

A jornalista Virgínia Castro (ao lado) tinha pouco mais de dois anos de jornalismo quando fez a cobertura diária dos trabalhos constituintes, depois de ter passado pela cobertura policial. Virgínia dava plantão diário nas comissões, correndo de um lado para outro, para deixar os leitores do jornal Hoje em Dia totalmente por dentro do que se preparava para a Carta Magna mineira.

Virgínia lembra especialmente do momento efervescente de 88/89. “Primeiro foi a Constituição Federal, que mexeu com o Brasil todo, com os movimentos sociais, e que, se não fosse pela atuação do Centrão (bloco parlamentar conservador, formado por diversos partidos, que tinha a missão de barrar muitas conquistas sociais), a Constituição brasileira seria a mais avançada do mundo”, disse.

Ela conta ainda que os jornalistas achavam que a Constituição mineira seria algo muito “chocho”, porque teria só que repetir o texto da federal. “Mas acabou sendo um momento especial, com diversos avanços." Segundo Virgínia, os “lobbies” que atuaram na Constituinte Nacional já trouxeram a experiência de pressão e aqui no Estado repetiram a atuação.

As áreas que mais avançaram, na avaliação da jornalista, foram as de saúde, meio ambiente, funcionalismo público e direitos humanos. Ela destaca como um dos temas mais polêmicos a tentativa de legalizar os cassinos nas estâncias hidrominerais. “Foi uma polêmica intensa, prolongada, que mobilizou toda a sociedade e só não entrou no texto por uma questão moral”.

Virgínia Castro destacou o importante trabalho feito pelo professor Menelick de Carvalho, que na época era consultor do processo legislativo da Assembleia.

“O Menelick era a salvação dos jornalistas. Ficávamos atrás dele, que nos passava todas as informações, respeitando nossa necessidade de levar matérias todos os dias, com horário marcado. O Mourão (Bonifácio Mourão, relator da Constituição) era muito atencioso com a imprensa, respeitoso, sempre tratava a todos com muita cordialidade, mas como tinha uma multidão atrás dele, nem sempre podia atender os jornalistas, daí corríamos para o Menelick. Ele era um arquivo ambulante, sabia de cor todas as emendas que chegavam.”

Virgínia fala ainda de outros processos que se seguiram às Assembleias Constituintes, nacional e estadual, como a criação do PSDB, fruto da dissensão do PMDB em 1988 e a primeira eleição direta para presidente, depois de 20 anos de ditadura. E sempre destaca a participação popular como situação mais marcante daqueles anos.

“ Vinte anos depois, quando ainda encontro com o pessoal da época, deputados, jornalistas, funcionários da Assembleia, sinto uma alegria no coração, porque passamos muita coisa juntos. E tenho a certeza de que a imprensa contribuiu efetivamente para emplacar muita coisa, ao dar espaço para os movimentos sociais. E um exemplo para nós jornalistas foi a inclusão do Art. 230, que instituiu o Conselho Estadual de Comunicação”.

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